Orquestra da Natureza
Sons do Parque do Matão, Votorantim-SP
Paisagem Sonora
Uma paisagem sonora abrange todos os sons em um espaço geográfico, seja natural, como pássaros e vento, ou humano, como tráfego e vozes. Criado por Murray Schafer nos anos 70, o termo descreve a totalidade acústica de um ambiente.
Ouça os registros do Parque do Matão em diferentes momentos:
- Amanhecer,
- Meio dia,
- Pôr do sol,
-Madrugada.
A aurora no parque é saudada pelo resplandecer das aves, formando uma encantadora orquestra de diversas espécies. O suave canto dos grilos (Gryllidae) preenche o ambiente, enquanto o intrigante gorjeio do choca-barrada (Thamnophilus doliatus), seguido pelo vibrante som do bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) e a melodia graciosa do curruíra (Troglodytes aedon), compõem uma harmonia única. A presença da pomba-asa-branca (Patagioenas picazuro) e do pula-pula (Basileuterus culicivorus) enriquece ainda mais essa sinfonia natural. Mesmo com ruídos urbanos ao fundo, como pessoas, automóveis e cachorros, essa diversidade sonora cria um espetáculo que celebra a vida no despertar do dia.
Para ouvir as vocalizações dessas espécies separadas, entre na aba GRAVAÇÕES.
A melodia do meio dia no parque, em um janeiro quente, se desenha como uma sinfonia diferente do amanhecer. Sob os raios do sol surge um som semelhante a um guizo, orquestrado pelas asas ágeis dos gafanhotos que ascendem como os maestros supremos neste espetáculo acústico. No fundo sonoro, ecoam latidos de cachorros, sons de motores de motos e carros e conversas cotidianas de pessoas no parque. Delicadamente nesse panorama, ressoa o canto distante de um bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), ao meio antropogênico que pulsa à sua volta.
Para ouvir as vocalizações dessas espécies separadas, entre na aba GRAVAÇÕES.
A serenata crepuscular do parque começa com o eco estridente das Maritacas (Pionus), enquanto ao fundo, os murmúrios das conversas humanas se entrelaçam ao cair da noite. O travesso pássaro pula-pula (Basileuterus culicivorus) com seu comportamento saltitante que desafia a observação na densa vegetação, tece seu canto agudo constante assinalando sua presença. Na sinfonia natural, o sanhaço (Thraupis) acrescenta sua melodia frenética e jubilosa. Uma suave vocalização da pomba-asa-branca (Patagioenas picazuro) surge harmoniosamente na metade do áudio como um acorde delicado que se entrelaça à melodia celeste do entardecer.
Para ouvir as vocalizações dessas espécies separadas, entre na aba GRAVAÇÕES.
A sinfonia noturna no parque, sob lua cheia, desenha-se com a melodia serena dos grilos, mas o som principal é do sapo-martelo (Boana faber), que vive próximo à nascente. Tal como o próprio nome sugere, sua vocalização refere a imagem de martelar ou de construção, sendo também conhecida como sapo-ferreiro, numa reverência a uma profissão milenar que dá forma ao metal com marteladas precisas. Entre essas notas, passos delicados aparecem, talvez de algum animal noturno em busca de alimento. Como ele não vocaliza, cabe à nossa imaginação adivinhar esse misterioso habitante da noite.